Primeiro dia de trabalho. Adrenalina, ansiedade, ambiente novo, rotina diferente. Noto as pessoas me observando e sinto um forte frio na barriga. Ligações, carimbos, relatórios, impressões, movimentações estratégicas. Este mundo me fascina, o espaço é altamente saudável.
Alguns dias após a estreia neste novo universo, sinto-me à vontade para conversar e questionar sobre as técnicas trabalhistas, pois eu preciso pegar o ritmo. Empolgo-me com as novas amizades, com o vasto material à minha disposição. Tudo parece incrível!
Contudo, algo intrigava-me. Logo que surgia oportunidade, os mais velhos faziam inúmeros comentários, que eu não entendia, e ainda pela falta de intimidade, eu não tinha coragem de questionar certas coisas. Até que uma tarde, em plena correria, ouvi repetidas vezes, que se aproximava o dia em que os funcionários receberiam o papel cebola.
- Raios! Que diabo é esse? Papel cebola? - indaguei em pensamentos.
Então, notei que por diversas vezes, este comentário rolava seguido de muitos risos. A curiosidade me consumia. Mas, decidi esperar por este tal momento de entrega aos funcionários. Enfim, o grande dia, que calhara com o quinto dia útil. Um alvoroço pelos corredores da empresa, entre risos e sarcasmos, eu ouvi: Papel cebola! Papel cebola!
Eu procurava e não via nada de anormal. Até que eu perguntei a um colega de sala: "Afinal, o que é esse bendito papel cebola que tanto se fala por aqui?". Em um sorriso irônico, pegou o seu holerit e disse: "Minha cara, este é o papel cebola. Todo dia de pagamento, você recebe, abre, vê e chora!".
É por isso que amo o povo brasileiro, terra de pessoas criativas...
0 comentários:
Postar um comentário